O Governador Sergio Cabral é mesmo especialista em criar
fatos que mobilizam toda a opinião pública. Essa semana a notícia da escandalosa
e antiga relação dele com Fernando Cavendish - o testa de ferro de Carlinhos
Cachoeira - que a imprensa insiste em dizer que é dono da Delta quando na
verdade é no máximo sócio, veio acompanhada de uma notícia não menos importante.
Trate-se do projeto do governo de patrulhamento dentro das escolas estaduais,
neste momento o policiamento já acontece em 90 escolas mas a meta é cobrir 1300
até o fim do ano.
A secretaria de educação afirma que a medida é
para impedir atos de vandalismo e violência nas escolas. Estamos falando de uma
ação absurda além de dispendiosa. O estado do Rio de Janeiro segundo o IDEB
(Índice de Desenvolvimento da Educação Básica) é o segundo pior estado do
Brasil, só superando o Piauí na qualidade do ensino. Isso mesmo, o estado do
Brasil que mais recebe investimentos de todo o tipo é o penúltimo em educação e
o Governador considera a educação no Rio de janeiro um problema de segurança
pública.
Não podemos naturalizar a medida do governador,
temos que tentar enxergar um pouco além. Numa primeira leitura sobre a ação do
governo se pode afirmar que o intuito do governador é proteger os estudantes e
de quebra formalizar o bico do policial pois ele receberá além de seu salário
pelo patrulhamento nas escolas, o que é um outro absurdo. Cabral deveria dar um
reajuste que não empurrasse o policial para o bico privado ou chancelado
pelo poder público. Na verdade existe um outro debate mais profundo, os
policiais nas escolas poderão fazer revistas e abordagens junto aos alunos, poderão proceder como fazem em
espaços públicos quando estão no patrulhamento regular. A educação pública
vai virar caso de polícia, não para quem deveria ser preso por desvio de verbas, mas para os jovens que recebem o ensino de péssima qualidade do governo do estado.
No Rio de Janeiro o projeto de segurança de
Cabral tem longo alcance, julgar a aparência das políticas de segurança pública quase sempre se mostra um equívoco. O que o governo está colocando em prática é um projeto de sociedade, de domesticação da juventude e das camadas populares. A juventude das escolas públicas não pode ter sua liberdade
de aprender, viver e protestar limitada pela ação ostensiva da polícia militar.
O projeto de Cabral, da elite carioca e brasileira não é de combate ao crime, é
de impor mansidão aos pobres e à juventude. A educação é um ato emancipatório, libertador, de elevação do espírito humano. Paulo Freire dizia
que a educação é um ato coletivo e solidário, no Rio de Janeiro ela virou um ato militar e ostensivo.
Muito bom o texto. Tem de aumentar o policiamento no Palácio da Guanabara e em algumas Secretarias do Estado do Rio de Janeiro, como a de Saúde e a de Transportes.
ResponderExcluirNestes espaços, com certeza encontram-se muitos marginais perigosos.
Saudações.
O que mais me assusta não é a política de Cabral mas os meus colegas professores concordando com isso... eles é q estão sendo "amansados". Não querem reclamar da meritocracia, do salário vergonhoso, estão se prestando a todos os papeis ditados pelo governador e, ainda por cima, num ato impensado, medroso, preguiçoso, sei lá, concordam com a força militar dentro da escola. Onde vamos parar? Temo que eles não tenham tido o privilégio de conhecer o indispensável pensador/educador que vc citou...
ResponderExcluirAbraços!